Poemas e ensaios

Vencedora do Concurso de Poesia Poesia do Museu de Artes e Ofícios de 2009:

Ferramenta Maior: Como Mãos

                             Maria das Graças Soares 


Mãos que constroem podem se transformar
Águas que correm no rio, giram moinho
Orgulho de se ver funcionar, sai o fubá
Sabedoria sem ler e escrever, com o pensamento a criar
Árvore tão grande, a canoa fez virar
Riqueza das matas, fogão a esquentar
Terra que vira telha vaso e pote, sua casa enfeitar
Entre rendas e colcha a costura completar
Sapatos e chapéus de couro a nos conquistar
Ofício ao filho ensinava, plantar e transformar
Farinha em pão no rolo de macarrão
Inteligência e sabedoria a carruagem seguia
Carro de boi cortando belas paisagens
Impossível acreditar no poder da criação
Onde funde amálgama de conhecimentos
Sala de jantar com grandes acontecimentos
Museus que guardam para si
Última peça que se fez
Sempre mostrando o tamanho da natureza
Escondida no cantinho em silêncio
Última morada, agora vigiada.


Maria das Graças Soares
IEMG - Instituto de Educação de Minas Gerais
Professora: Rosane Beloni     
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      Ensaio

"...passado, presente e futuro não podem formar uma linha. A noção de múltiplas temporalidades deve ser trabalhada.
Bruno Latour lembra que, em uma mesma atividade, podemos usar objetos de tempos distintos: a furadeira elétrica, que foi inventada há uns 40 anos, e o martelo, que é um invento com milhares e milhares de anos.
 No uso que fazemos dos objetos e no uso que o objeto faz de nós, nunca estamos no presente puro. Viver com objetos de variadas épocas não é avanço nem recuo no tempo, não é progresso nem atraso.
Ter tal questão como ponto a ser levado em consideração significa romper com a idéia de que vivemos num progresso que fala do passado como coisa ultrapassada, que coloca o que passou como evolução para o mundo atual.
O que fazemos é selecionar elementos de tempos diferentes: 'é a seleção que faz o tempo e não o tempo que faz a seleção'.
Não somos modernos nem antigos. Como diz Michel Serres, 'somos misturadores de tempos'. Mistura que nega a divisão congelada entre o que passou e o que se passa. "

In: RAMOS, Francisco Régis Lopes. A danação do objeto, p. 36, 2004, Chapecó: Editora Argos

Um comentário:

  1. É muito interessante este ensaio sobre o tempo porque permite romper com a ideia de tempo linear no trabalho escolar.

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